A hipospádia é uma condição congênita que, embora comum, levanta muitas dúvidas e preocupações nos pais. Uma das perguntas mais frequentes é: “É realmente necessário operar? Quais são os riscos de não corrigir a hipospádia?” A resposta, na grande maioria dos casos, é um retumbante sim, a correção cirúrgica é de suma importância para a saúde e o bem-estar futuro da criança.

A cirurgia de hipospádia não é apenas uma questão estética. Ela visa restaurar a anatomia e a função normais do órgão, prevenindo uma série de problemas que podem surgir a longo prazo.

1. Funcionalidade Urinária: Um Jato Direcionado

O problema mais imediato e perceptível da hipospádia é a localização anormal da abertura da uretra. Se não corrigida, essa abertura pode causar:

  • Dificuldade para urinar em pé: O jato urinário pode ser desviado para baixo, ou espalhado, tornando difícil para a criança urinar sem molhar os pés ou a roupa, o que impacta diretamente a autonomia e a higiene.
  • Problemas de higiene: A urina desviada pode respingar e sujar a pele ao redor, aumentando o risco de infecções na pele e irritações.

A cirurgia reposiciona a abertura da uretra para a ponta do pênis, permitindo um fluxo urinário normal e direcionado, essencial para a independência e a higiene.

2. Estética e Psicológico: Autoconfiança no Futuro

Embora a função seja primordial, a aparência do pênis também desempenha um papel crucial no desenvolvimento psicológico e na autoestima do indivíduo. Um pênis com hipospádia não corrigida pode apresentar:

  • Aparência atípica: O prepúcio incompleto e a abertura uretral desviada podem conferir ao pênis uma aparência diferente da usual.
  • Impacto psicológico na adolescência e vida adulta: À medida que a criança cresce, a diferença anatômica pode levar a constrangimento, ansiedade, baixa autoestima e dificuldades em situações sociais, como em vestiários, ou na intimidade.

A correção cirúrgica busca não apenas a função, mas também um resultado estético que contribua para a formação de uma imagem corporal positiva e saudável, essencial para a confiança e o bem-estar psicológico.

3. Função Sexual Futura: Prevenindo Dificuldades

A hipospádia, especialmente os tipos mais graves, frequentemente vem acompanhada de uma curvatura do pênis para baixo, conhecida como “corda”. Se não corrigida, essa curvatura pode causar:

  • Dificuldade ou dor durante a ereção: Na vida adulta, a curvatura pode tornar a ereção dolorosa ou até mesmo impossibilitar a penetração sexual.
  • Problemas de fertilidade: Embora a hipospádia em si raramente cause infertilidade, a curvatura grave pode impedir a deposição adequada do sêmen no colo do útero, impactando a fertilidade.

A cirurgia corrige a curvatura, garantindo que o pênis seja reto e funcional durante a ereção, fundamental para uma vida sexual satisfatória e para a capacidade reprodutiva, quando for o desejo do paciente.

4. Riscos Mínimos Versus Benefícios Máximos

É natural que os pais se preocupem com qualquer procedimento cirúrgico em seus filhos. No entanto, a cirurgia de hipospádia, quando realizada por um cirurgião pediátrico ou urologista pediátrico experiente, possui taxas de sucesso muito altas e um perfil de segurança favorável. Os benefícios de uma intervenção precoce superam em muito os riscos potenciais.

A idade ideal para a cirurgia geralmente é entre 6 e 18 meses, antes que a criança comece a desenvolver memórias conscientes e antes que as questões psicossociais comecem a surgir. Intervir cedo permite que a criança cresça sem as limitações e os estigmas que a hipospádia não corrigida pode trazer.

Conclusão

A correção cirúrgica da hipospádia não é uma opção, mas uma necessidade para a maioria dos meninos afetados. Ela é um investimento na saúde física, emocional e sexual futura da criança. Ao restaurar a anatomia e a função normais, a cirurgia permite que o menino cresça e se desenvolva sem as preocupações e dificuldades que a condição não tratada poderia impor, garantindo uma vida plena e com qualidade.

Se seu filho foi diagnosticado com hipospádia, é fundamental procurar um especialista para discutir o plano de tratamento e garantir o melhor resultado possível.